O artista e humanista argentino faleceu aos 81 anos RAE ARGENTINA AO MUNDO

Miguel Ángel Estrella: o músico da paz

"Eu quero lutar com música contra aqueles que querem nos subjugar".

O músico nascido em Tucumán morreu nessa quinta-feira em Paris, aos 81 anos de idade. Ele era um compositor e intérprete comprometido com os direitos humanos, a democracia e a igualdade.

Miguel Ángel Estrella nasceu em San Miguel de Tucumán, em 1940. Ele começou a tocar piano aos doze anos de idade, em sua cidade natal. Desde os 18 anos de idade, estudou no Conservatório Nacional da cidade de Buenos Aires e posteriormente estudou em Paris (França), onde foi discípulo de Marguerite Long e Nadia Boulanger, entre outros mestres, com quem estudou a fundo a arte da música clássica.

Ele foi perseguido por duas ditaduras militares, na Argentina e no Uruguai. Esteve preso durante 27 meses no Uruguai, tempo durante o qual foi submetido a sessões diárias de tortura nas quais até fingiam cortar-lhe as mãos.

 

 

Finalmente, uma petição internacional liderada pelas suas professoras Marguerite Long e Nadia Boulanger, com o apoio da UNESCO, teve efeito e ele finalmente conseguiu salvar sua vida, suas mãos e sua liberdade em 1980, ano em que se radicou na França.

Ele foi um defensor ativo dos direitos humanos e da difusão da música como instrumento de defesa da dignidade humana e da elevação da condição humana. Com este objetivo em mente, ele fundou o movimento internacional Música pela Esperança em 10 de dezembro de 1982. Uma de suas propostas sempre foi levar a música clássica aos setores mais desprivilegiados da sociedade. E assim o fez, apresentando concertos, como em 2004, na popular favela Villa 31 da Capital Federal em Buenos Aires.

Ao longo de sua vida, recebeu várias distinções: o governo francês lhe concedeu o título de Cavaleiro da Legião de Honra; a Universidade Nacional de Tucumán o distinguiu com um Doutorado Honoris Causa, em 1988 o distinguiram como Comandante da Ordem das Artes e Cartas, tanto na Europa como nos Estados Unidos. Em 2003, ele foi nomeado Embaixador da Argentina na UNESCO, cargo que ocupou até 2016.

Escutamos ele, a seguir, interpretando Chakay Manta, um clássico do floklore argentino: