Capítulo 2 RAE ARGENTINA AO MUNDO

Sessões Argentinas: Trueno

A Argentina é um país complexo. Como diz uma antiga canção, a sua história foi feita "com golpes e tapas".

Localizada no sul da América, ao leste da Cordilheira dos Andes, o país moldou seu perfil atual com a chegada de milhões de imigrantes, principalmente da Europa. Da Itália e da Espanha.

 

 

 

Trueno: "Transmito a los jóvenes a que persigan sus sueños"

 

Na área mais próxima ao porto de Buenos Aires, esses imigrantes se estabeleceram e, com essa mistura cultural de europeus exilados e descendentes dos nativos locais, nasceu o tango, hoje uma das músicas mais representativas do país. O tango tem nomes ilustres. Aníbal Troilo, Carlos Gardel, Astor Piazzolla, Homero Manzi, e muitos outros.

Muitos italianos se estabeleceram no bairro de La Boca, no sul da cidade de Buenos Aires. Aqueles que fundaram o clube Boca Juniors, o mais famoso do país, eram genoveses. Devido a uma distorção do idioma original, quando chegaram à Argentina, os torcedores do Boca são conhecidos hoje como "xeneixes". 

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O bairro de La Boca, um lugar amado pelos turistas que visitam Buenos Aires por ser tão pitoresco, foi o local de nascimento de Trueno, uma das figuras mais importantes da nova música urbana que a Argentina está produzindo.

Trueno, atualmente um dos fenômenos de massa mais importantes da nova geração, é um jovem de apenas 21 anos, cujo verdadeiro nome é Mateo Palacios Corazzina. Trueno, que em português significa “trovão”, é torcedor do Boca e desenvolveu um sentimento especial de pertencimento ao seu lugar de origem.

 

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Diego Maradona, considerado o melhor jogador de futebol do mundo até o aparecimento de Lionel Messi, foi jogador do Boca e, até a sua morte em novembro de 2020, foi ativo torcedor do clube. No bairro de La Boca, uma área historicamente negligenciada no sul de Buenos Aires, está o estádio do Boca, La Bombonera, famoso em todo o mundo pela sua aparência, suas cores azul e amarela e pela paixão de seus torcedores.

E há também uma área mais turística, em frente ao Riachuelo, nome do riacho que é uma das entradas da cidade pelo Rio de La Plata, que foi retratado pelo pintor Quinquela Martín em pinturas memoráveis que mostram o colorido da área. Em La Boca são comuns os cortiços, casas comunais precariamente construídas, onde os imigrantes viviam quando chegaram à Argentina no início do século passado, e que dão ao lugar a sua cor única.

E foi lá, em um cortiço, que o jovem Trueno fez sua apresentação para a série audiovisual Tiny Desk na NPR, a estação de rádio pública dos Estados Unidos.

 

 

Trueno entrou para o mundo da música por incentivo de seu pai, o rapper uruguaio Pedro Palacios, conhecido como MC Peligro e atual líder do coletivo artístico Sur Capital Clicka, e ingressou no ambiente musical, o Trueno, competindo em batalhas de free style no próprio bairro de La Boca.

Até o momento, ele tem apenas um álbum lançado formalmente, o disco “Atrevido”, publicado por uma pequena gravadora independente, Neuen, e distribuído pela Sony, atualmente a maior gravadora do mundo. Trueno ficou conhecido por várias músicas que apresentou com seus amigos e companheiros de geração. Sua música “Mamichula”, feita em colaboração com Bizarrap e Nicki Nicole, tem mais de 400 milhões de visualizações no YouTube. Esse vídeo, em seus primeiros seis meses, teve mais de 220 milhões de visualizações.

As letras das suas músicas fazem referência à sua vida e ao seu local de origem. Ele se identifica como um artista da “Comuna 4” de Buenos Aires. Há alguns anos, as autoridades municipais dividiram o mapa da capital federal argentina em “comunas”, e o bairro de La Boca, junto com Barracas, Parque de los Patricios e Pompeya, todos na esquecida Zona Sur, pertencem à Comuna 4.

 

 

 

Trueno abriu um forte debate quando disse que o trap é "o novo rock and roll". A discussão, é claro, ainda não está encerrada.

  

Produção: Victor Pintos.

Tradução & Apresentação: Julieta Galván

Sonoplastia: Walter Danesi

Web: Julián Cortez

Adrián Korol, diretor da RAE Argentina ao Mundo

Ideia original: Alejandro Pont Lezica