presidente Alberto Fernández RAE ARGENTINA AO MUNDO

"A única coisa que está clara para mim é que as Malvinas não são britânicas"

No contexto do 40º aniversário do início da guerra que enfrentou a Argentina com o Reino Unido pela soberania das Ilhas Malvinas, o presidente argentino conversou com a BBC no Museu Malvinas, na cidade de Buenos Aires.

Na ocasião, ele declarou que a Argentina um dia ainda recuperará o arquipélago e disse que "é dialogando que os problemas são resolvidos".

"Não temos a força, os aviões nem as armas nucleares do Reino Unido, mas estamos certos", disse o chefe de Estado.

Na entrevista com o canal britânico, o presidente Fernández disse que "é incompreensível pensar que essas ilhas, que são uma continuação dos nossos Andes, não fazem parte da Argentina".

Além disso, salientou que "nós as ocupamos antes que os britânicos as usurpassem em 1833, e as temos reivindicado desde então".

O presidente argentino também rejeitou a posição britânica segundo a qual o conflito de 1982 fechou o caminho para a negociação e afirmou que "a guerra não dá direitos".

"Um dos argumentos do Reino Unido é que eles ganharam a guerra –fato que claramente adiou o diálogo-, mas a guerra não dá direitos", disse Alberto Fernández.

A este respeito, ele exemplificou: "se alguém usurpar minha casa e eu for a um juiz, e o juiz disser: vamos primeiro perguntar ao usurpador o que ele pensa sobre o direito que tem de viver lá... Não é assim".

"Em termos legais", disse o presidente, "isso é um absurdo; e em termos éticos, é imoral".

 

 

 

 

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Como parte do aniversário, o ministro da Defesa, Jorge Taiana, questionou o governo do ex-presidente Mauricio Macri por restar importância à reivindicação de soberania das Malvinas

O ministro Taiana declarou que a administração anterior, liderada por Mauricio Macri, entre 2015 e 2019, foi um passo atrás neste aspecto.

As críticas foram apoiadas pelo Secretário de Malvinas, Guillermo Carmona, que questionou o que ele chamou de "desmalvinização".

O funcionário comemorou o fato de que sob o governo atual a causa da soberania tornou-se mais uma vez "uma política de Estado".

Por sua vez, o Ministro das Relações Exteriores, Santiago Cafiero, justificou a causa das Malvinas como um dos "pilares da política externa da Argentina".

O Chanceler confirmou que a Argentina continuará a campanha internacional para convencer o Reino Unido a iniciar negociações com Buenos Aires sobre o arquipélago.

Cafiero assinalou que Londres ainda não explicou o envio de armas nucleares para a guerra do Atlântico Sul em 1982.

O Ministro das Relações Exteriores também ratificou a terceira etapa da missão para identificar os restos mortais dos argentinos mortos e enterrados nas Malvinas.

Desde que o projeto coordenado pela Cruz Vermelha começou em 2017, quase todas as sepulturas que após a guerra só continham a lenda "soldado argentino conhecido somente por Deus" foram identificadas.

Os antropólogos forenses exumaram os restos enterrados no cemitério de Darwin, no arquipélago, e compararam o material genético com amostras de DNA de parentes dos falecidos.

 

 

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Sob o slogan "Malvinas nos une", há cerimônias e eventos em todo o país para lembrar o 40º aniversário do início do conflito

Além das quatro décadas, a comemoração também é relevante para marcar o retorno aos eventos presenciais após dois anos de atividade virtual devido à pandemia do coronavírus.

Na província de Terra do Fogo (Sul) acontecem alguns dos eventos mais importantes, já que as Ilhas Malvinas pertencem a esta jurisdição. Ali, em Rio Grande, a cidade continental mais próxima do arquipélago, a tradicional vigília dos veteranos está sendo realizada esta noite.

Nessa província, os uniformes dos estudantes das escolas públicas trazem, por lei, um logotipo que identifica a reivindicação de soberania das Malvinas.

Por sua vez, na província de Buenos Aires, o aniversário está sendo comemorado com um concerto de música popular animado por Teresa Parodi, Lula Bertoldi e Martín Raninqueo, entre outras figuras musicais.

Enquanto isso, na província patagônica de Rio Negro, um monumento em memória da guerra das Malvinas será inaugurado na cidade de Cipolletti. O governo provincial dará placas aos ex-combatentes de Rio Negro para que possam identificar suas casas com a lenda "Aqui reside um veterano de guerra, um herói que lutou em defesa da soberania nacional".

Já em Jujuy, no norte da Argentina, os residentes costuraram quase 3.000 remendos das Ilhas Malvinas em uniformes escolares e esportivos, seguindo o exemplo de Terra do Fogo.

Por sua vez, a Administração de Parques Nacionais instalou placas informando a distância de cada um dos 39 parques do país até a cidade de Puerto Argentino, nas Ilhas Malvinas.

Além disso, no Congresso, o partido governista apresentou um projeto de lei para garantir a cobertura sanitária dos veteranos de guerra e suas famílias.

A proposta do deputado Máximo Kirchner procura transformar em lei e ampliar um programa estatal para ex-combatentes que está em funcionamento há alguns anos.

 

 

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