Um tribunal argentino condenou ontem, terça-feira (26/03), dez repressores à prisão perpétua por crimes contra a humanidade cometidos durante a última ditadura (1976-1983), prejudicando 605 vítimas.
O Tribunal Oral Federal nº 1 de La Plata, responsável pelo julgamento, também condenou um dos acusados a 25 anos de prisão, mas o absolveu de um dos crimes. A sentença foi lida pelo juiz Ricardo Basilico.
Os condenados, todos de idade avançada, foram considerados culpados por crimes cometidos no centro clandestino de detenção "Pozo de Banfield", localizado na província de Buenos Aires. Entre os crimes, estão sequestros, torturas, homicídios e apropriação de bebês nascidos em cativeiro.
O julgamento, que começou em 2021, é um dos últimos relacionados à repressão militar na Argentina, que deixou um saldo de cerca de 30 mil desaparecidos. A condenação dos dez ex-agentes é considerada um marco na luta pela justiça e memória das vítimas da ditadura.
"Os acusados contribuíram e dominaram os eventos que são objeto deste julgamento, em uma dinâmica que, sem dúvida, demonstra que eles fazem parte de uma organização criminosa destinada a desaparecer e aniquilar pessoas", indicou a promotoria no final de sua alegação.
Acrescentou: "Uma organização criminosa que havia se apoderado do Estado e que operava de forma coordenada e verticalizada, com a distribuição de tarefas de acordo com hierarquias e lugares, ativando processos regulados que dão a ideia de um aparato funcional onde cada parte é parte de um sistema superior que controla tudo".
